sábado, 13 de agosto de 2011

Seja como for, abraçar é sempre a melhor solução !

(...)
- Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto
inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens
também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo.
E eu serei para ti única no mundo...
...e disse a raposa:
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem
e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas,
minha vida será como que cheia de sol.
Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar
debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês,
lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo
não me lembram coisa alguma.
E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres
cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor...cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir
e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo
de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de
amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro longe de mim,
assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma
fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...




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